sábado, 21 de janeiro de 2012

Fashionpédia: Hippie




Paz, amor, sexo, espiritualidade, drogas e muita psicodelia são palavras-chave para o assunto da Fashionpédia de hoje.


Desde as calças boca de sino até as franjas indígenas, das manifestações históricas aos grandes festivais, o movimento hippie representou uma grande revolução ética e estética. Ser hippie era buscar uma relação de intimidade com a natureza do corpo ao espiríto, da alimentação alternativa aos efeitos alucinógenos do LSD. Todas as batalhas ideológicas do final dos anos 60 e inicio dos 70 tem influencia da ética ideologica do movimento hippie.

Assim como qualquer estilo, a estética hippie tem uma relação muito próxima com a música. A primeira grande manifestação hippie foi o Flower Power que tem como iconografia máxima a foto onde um jovem coloca uma flor na arma de um soldado em total protesto contra a guerra. Os grandes festivais de música iniciaram-se durante o final dos anos 60 e o inicio dos 70, onde milhares de hippies reuniam-se em grandes terrenos descampados para ouvir rock n’roll (o chamado Psychedelic rock) e músicas de protesto, praticando o sexo livre e abusando de drogas psicodélicas. Os maiores foram o Summer Love de 1966 e Woodstock de 1969.

Devido, talvez, ao efeito das drogas psicodélicas passaram-se a desenvolver-se estampas psicodélicas para cartazes e roupas, essas aparecendo em álbuns de bandas e cantores importantes da época como Grateful Dead, Jefferson Airplane e Janis Joplin.


Psicodelia, espiritualismo e contestação, essas três palavras definem o que foi e o que é o movimento hippie em questão de ideologia, estética e música.
Capa do famoso álbum dos Beatles Sgt. Peppers Lonely Heart Club Band
A estética hippie terminou de tomar conta do mundo quando os mundialmente famosos Beatles abandonaram os ternos e a estética mod, e decidiram abraçar a psicodelia no álbum Sgt. Peppers Lonely Heart Club Band. Aí tudo estorou pelo mundo, tendo o Brasil, também, um movimento de grande influência hippie: a Tropicália, representada principalmente pelo grupo Novos Baianos.




Os anos 70 e os hippie trouxeram importantes influências para a moda de hoje. Os anos 70 marcaram a industrialização do bom gosto dos anos 60, com o advento do prêt-à-porter a moda tornou-se mais acessível à diversos públicos. Além disso, os hippies popularizaram o jeans. A praticidade da moda unissex e o seu significado de libertação para as mulheres também está diretamente ligado aos hippies.



Modelos de Ossie Clark

Exemplo da técnica de tingimento
artesanal nascida na Indonésia
chamada de batik. Consiste em
sucessivos tingimentos no tecido,
protegido por máscaras de cera,
onde somente as partes não vedadas
pela cera são tingidas
A moda hippie é relaxada e romântica, porém sem deixar de ser sofisticada. Pode-se perceber nos vestidos do estilista Ossie Clark uma exuberância de formas e mistura de materiais digna de se ressaltar. A estética hippie adota vestimentas das culturas orientais (batas indianas) e diversos elementos dos trajes tipicos dos indigenas norte-americanos (franjas, headbanges e bijuterias, faixar coloridas). Técnicas orientais como o batik também marcavam as roupas hippies. Outra ponto alto da moda hippie são as estampas étnicas, a calça boca de sino e a utilização do patchwork (técnica em que vários tipos de estampas são unidos em uma peça só).


Hoje em dia o hippie invadiu muitos desfiles, além de muitas coleções de lojas de departamentos como a      H & M e a Zara, que viram forte apelo comercial e romântico da estética. Estilistas como Jean-Paul Gaultier sempre mostram influências étnicas em suas coleções que remetem aos hippies. Um estilo que lembra muito a estética hippie é Boho-chic (ou Bohemian chi), tratado como se fosse uma versão mais moderna e refinada do hippie setentista. Na música, quem traz principalmente influências estéticas hippies são bandas alternativas como Empire of the Sun e MGMT.
MGMT

Empire of the Sun














Zuzu Angel
No Brasil destacou-se a estilista Zuzu Angel, que adatou técnicas artesanais brasileiras (como a renda cearense) e adaptou para o dia-a-dia das socialites cariocas. Hoje, muitas grifes fazem esse trabalho, porém uma das que mais se destaca é Isabela Capeto, além da paulista Neon, de Dudu Bertholini e Rita Comparato, que chamam a atenção pela ousadia das formas e das estampas.



Designs de Isabela Capeto
Uma boa dica de filme para entender o movimento hippie e sua estética é o musical Hair (1979) do diretor Milos Forman.


Enfim, ficamos por aqui, mas sempre lembrem-se dos hippies e de sua ideologia e nunca deixem o cinismo, a deseperança e a conformidade vencerem a paz e o amor.


Na próxima Fashionpédia falaremos da influência da cultura negra na moda, ou seja, muito hip-hop, funk e rap.

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